CONGRESSO DE 2019 em Paris
O II Congresso da ABRE ocorreu de 18 a 21 de setembro de 2019 na École des hautes études en sciences sociales (EHESS), em Paris.
O congresso contou com 530 participantes originários de 23 países diferentes: do Brasil, recebemos cerca de 250 professores, pesquisadores e estudantes, da França, 115, de Portugal, 58, dos Estados Unidos, 29, do Reino Unido, 28, da Alemanha, 24, da Itália, 18, da Espanha, 11, etc. Dentre eles, cerca de um terço eram estudantes, que responderam positivamente a nosso esforço em facilitar a vinda de um número significativo deles, com ajudas de vários tipos. Nossos parceiros institucionais acreditaram nessa iniciativa e nos deram grande apoio, financeiro e logístico: a EHESS, o laboratório Mondes américains, o Centre de recherches sur le Brésil colonial et contemporain (CRBC), o Centre national de la recherche scientifique (CNRS), o Institut des Amériques (IdA), Sorbonne Université/Centre Roland Mousnier, Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3/Instituto Camões, o Musée du Quai Branly – Jacques Chirac, a prefeitura de Paris e a do 11e arrondissement.
Os 110 painéis propostos cobriram uma grande variedade de temas e disciplinas: novas direitas, ditadura militar, gênero, sexualidade, questões raciais e racismo, Amazônia, povos indígenas, questões fundiárias, clima, meio-ambiente, dinâmicas urbanas, migrações, artes, patrimônio, literatura, violência nas formas as mais diversas etc. Um dos painéis foi dedicado à situação do Museu Nacional, com a presença de pesquisadores de museus europeus “amigos” da instituição brasileira. Uma mesa-redonda institucional tratou das formas de financiamento da pesquisa brasilianista na Europa, com a participação de representantes das agências europeias e brasileiras. Um grupo de professores brasileiros, sendo alguns especialmente convidados pela EHESS, animaram, uma mesa-redonda sobre a situação das universidades e da pesquisa em ciências humanas e sociais no Brasil, no novo contexto político do país, com um olhar particular sobre os temas atualmente “sensíveis”. A conferência de abertura do congresso (“Todos índios doravante…”) foi feita por Emmanuelle Loyer, professora de história contemporânea de SciencesPo Paris e biógrafa de Claude Lévi-Strauss, no anfiteatro homônimo do Museu do Quai Branly – Jacques Chirac. Para a conferência de encerramento (“O jardim das Hespérides: paraíso terrestre ou paisagens devastadas?”), convidamos Laura de Mello e Souza, professora da USP e de Sorbonne Université, onde ela ocupa a única Cátedra francesa de história do Brasil. Ambas as conferências foram pensadas como homenagens ao brasilianismo francês: aquele dos anos de 1930 e o atual. Elas foram publicadas pela revista Brésil(s). Sciences humaines et sociales: a de abertura em francês, inglês e português; a de encerramento, em francês e português. Enfim, o prêmio ABRE da melhor tese europeia sobre o Brasil foi criado a fim de recompensar anualmente uma delas e contribuir para que a mesma seja publicada. Em 2019, o júri escolheu duas teses: “Habiter un logement populaire locatif du centre-ville: la place des cortiços à São Paulo, Salvador et Belém”, d’Octavie Eugénie Paris (Universidade Jean Moulin Lyon 3) e “Indigenous Routes: Interfluves and Interpreters in the upper Tapajós, c.1750 to c.1950”, de Daniel Belik (Universidade de St. Andrews).
A evolução política do Brasil deu a esse congresso uma dimensão particular. Até uma data recente, muitos nos brasilianistas europeus saudavam com entusiasmo a sólida democracia brasileira. Dizia-se frequentemente que o país se tornara, apesar de seu pesado passado colonial e autoritário, um laboratório de experiências sociais inovadoras na luta contra as desigualdades, as segregações raciais ou de gênero, o respeito dos direitos e a preservação do planeta. Hoje somos obrigados a constatar que o Brasil parece antecipar as dinâmicas globais de desconfiança em relação à democracia. A urgência de debater tais questões e de imaginar novos caminhos possíveis, o de nos encontrarmos em um momento em que muitos se sentem fragilizados foi sem dúvida um elemento determinante no sucesso de nosso congresso. Essa percepção impôs à EHESS e à ABRE um dever ainda mais forte de fazer desse encontro internacional um momento de trocas decisivo.
Comissão executiva
Mônica Raisa Schpun (CRBC-EHESS, Vice-Presidente da ABRE, responsável pelo congresso)
Véronique Boyer (CNRS-EHESS)
Claudia Damasceno Fonseca (CRBC-EHESS)
Jean Hébrard (CRBC-EHESS)
Georg Wink (University of Copenhagen, membro do CE da ABRE)
Sónia Sofia Ferreira (CRIA/FCSH-NOVA, membro do CE da ABRE)
Sylvain Souchaud (IRD/URMIS – Paris Diderot)
Elise Capredon (CRBC-EHESS)
Marcia Langfeldt (CRBC-EHESS)
Vivian Braga (CRBC-EHESS)
Conselho científico
Michel Agier (IRD-EHESS)
Robert Cabanes (IRD)
Martine Droulers (CNRS-CREDA)
Armelle Enders (Universidade Paris 8)
Benoît de L’Estoile (CNRS-EHESS/ENS)
Charlotte de Castelnau-L’Estoile (Universidade Paris Diderot)
Helena Hirata (CNRS-Cresppa/GTM)
Philippe Léna (IRD)
François-Michel Le Tourneau (CNRS-CREDA)
Michael Löwy (CNRS-EHESS)
Jaime Marques Pereira (Université de Picardie Jules Verne)
Jacqueline Penjon (Universidade Sorbonne Nouvelle)
Angelina Peralva (Universidade de Toulouse 2)
Claudia Poncioni (Universidade Sorbonne Nouvelle)
Edmond Préteceille (CNRS-SciencesPo)
Michel Riaudel (Sorbonne Université)
Pierre Salama (Universidade Paris 13)
Jorge Santiago (Universidade Lyon 2)
Laura de Mello e Souza (Sorbonne Université)
Hervé Théry (CNRS-CREDA)
Licia Valladares (Universidade Lille 1)
Dominique Vidal (Universidade Paris Diderot)
Laurent Vidal (Universidade de La Rochelle)
Hospedagem em Paris Dicas de alimentação Espaço dos estudantes Apresentação de livros
Programa do Congresso